O candidato a prefeito de Cuiabá Abílio Brunini (PL) tem utilizado sua campanha eleitoral para propagar discursos de ódio contra os adversários e estimular que seus seguidores e apoiadores ajam com truculência e disseminando esse mesmo discurso de exclusão e violência. Uma das frases muito utilizadas por Abílio é de que quer “varrer” o Partido dos Trabalhadores, sigla do seu adversário político Lúdio Cabral, que também concorre à Prefeitura da capital.
E a orientação de Abílio a seus apoiadores têm surtido efeito prático. O empresário Luis Carlos Nigro, apoiador do candidato do PL, utilizou as redes sociais para divulgar uma mensagem de morte contra os adversários políticos. A imagem é de uma funerária, com diversos caixões enfileirados e, acima, a seguinte frase: Campanha nacional ‘Eu quero o Lula nas urnas!’.
Em outro episódio de intolerância, violência e agressão, a vítima foi uma jornalista de Cuiabá. Ela relatou que foi perseguida e agredida em um bar apenas porque estava usando um adesivo da campanha de Lúdio Cabral. O agressor que a intimidou porque ela usava o adesivo do PT acabou sendo expulso do bar.
Nas resoluções da Justiça Eleitoral que regem as eleições municipais de 2024, há normatizações que combatem a desinformação, fake news e o discurso de ódio. Em fevereiro deste ano, o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, registrou que essas diretrizes deveriam ser seguidas por partidos e candidatos. Ele destacou também que as resoluções permitiriam que a Justiça Eleitoral tivesse “instrumentos eficazes para combater o desvirtuamento nas propagandas eleitorais, nos discursos de ódio, fascistas, antidemocráticos e na utilização de IA para colocar na fala de uma pessoa algo que ela não disse”.
A Justiça Eleitoral ressalta que o discurso de ódio vai além do polêmico cancelamento. É um discurso caracterizado por um tipo de violência verbal, que tem como base a não aceitação das diferenças, ou seja, a intolerância. Muitas vezes, o foco dessas falas disfarçadas de opinião está ligado à crença, origem, cor/etnia, gênero, identidade, orientação sexual ou posição política, sempre com conteúdos contendo linguagem que desumanize as pessoas.
Além disso, ainda que o artigo 5º da Constituição Federal garanta a liberdade de expressão, ela não pode se tornar uma oportunidade de opressão nas redes ou fora delas. Isso porque o discurso de ódio fere direitos fundamentais dos cidadãos e das minorias.
Valores cristãos
O candidato Abílio também tem usado a religião para coagir fiéis a votarem nele. “Cristão que vota em petista ou não é cristão ou não conhece o PT”, foi uma das frases disparadas por Abílio em seu discurso de ódio, sem qualquer embasamento, tentando usar pautas de costumes para convencer os eleitores e inflamar seus seguidores.
Essa estratégia, no entanto, teve um revés quando o candidato Lúdio divulgou uma carta direcionada aos cristãos em Cuiabá, destacando uma série de propostas que pretende executar em parceria com as igrejas em diversas áreas, incluindo ações para zerar o déficit de vagas em creches e combater a fome entre a população mais vulnerável. No texto, Lúdio assumiu ainda o compromisso de guiar sua gestão pelos valores da retidão, justiça, compaixão e respeito ao próximo. “Meu compromisso, acima de qualquer interesse particular ou partidário, é fazer que a nossa gestão seja resposta de orações, colocando o nosso coração na fonte certa que é Jesus.”
Segundo turno
Os candidatos Abilio (PL) e Lúdio (PT) vão disputar, no dia 27 de outubro, o 2º turno da eleição para a Prefeitura de Cuiabá. Abilio conquistou 126.944 votos (39,61% dos votos válidos) e Lúdio (PT) recebeu 90.719 votos (28,31%).
