O pastor Ulisses Batista, apontado como líder de um esquema de extorsão contra comerciantes de Cuiabá e Várzea Grande, era apresentador em um programa de rádio e pregava em uma igreja do Bairro Pedra 90.
Ulisses foi alvo de duas operações deflagradas na manhã desta quinta-feira (20), a “Falso Profeta” e a “Acqua Ilicita”, sendo uma da Polícia Civil e a outra do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), respectivamente.
De acordo com o delegado Rodrigo Azem, titular da Draco (Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado), Ulisses é também um dos líderes de uma das principais facções criminosas atuantes no Estado e foi mentor e executor do esquema que movimenta aproximadamente R$ 1,5 milhão por mês.
“Ele é o pastor sênior dentro de uma igreja localizada no Pedra 90, juntamente com a esposa dele, amplamente divulgada no Instagram, inclusive com fotos dele referentes a essa igreja”, explicou.
Segundo o delegado, a esposa do pastor não foi alvo da operação e nem a igreja teve ligação no esquema. A Polícia não informou o nome da igreja na qual Ulisses pregava, mas nas últimas publicações divulgadas pelo pastor aparece o nome da Igreja Assembleia de Deus Pentecostal no Coração de Deus.
O perfil de Ulisses no Instagram é fechado, mas pelo Facebook é possível acompanhar algumas de suas publicações em que ele prega a palavra de Deus e divulga a programação da igreja.
O programa “Coração de Deus”, apresentado por Ulisses, era veiculado na rádio “Adorai FM 106,9”. A última transmissão ao vivo na página do pastor ocorreu em 24 de setembro de 2024.
O programa, que sempre trazia diferentes convidados, tinha músicas, leituras bíblicas e orações em sua programação.
“Aqui nós não falamos de placas de igreja, aqui nós pregamos Jesus de Nazaré”, disse ele apresentando uma de suas convidadas.
Em outro trecho, ele comenta a participação da mãe, que comentou na live. “Minha mãe já escreveu ali que está ligadinha. Às vezes muitas pessoas chegaram e disseram para ela que Ulisses era um projeto falido, mal sabiam eles que Deus tinha um projeto na minha vida”, disse ele.
As outras publicações do pastor divulgavam a programação de uma igreja no Pedra 90 e uma reforma. Ulisses sempre trazia mensagens bíblicas.
Nos comentários ele era muito elogiado pelos seguidores: “A Paz do Senhor Jesus Cristo. Estou aqui vendendo pão de mel em VG e ouvindo a rádio pastores. [...] Pastor Ulisses, ore por mim”, dizia um dos comentários na live de rádio.
O caso
O esquema liderado por Ulisses, segundo a Polícia, consistia em um grupo de WhatsApp em que foram colocados distribuidores e comerciantes de galões de água de Cuiabá e Várzea Grande.
“Constrangiam eles ao pagamento de uma taxa no valor de R$ 1 por cada garrafão de água vendido ou que comprasse exclusivamente a água fornecida de outras distribuidoras que estão ligadas às facções criminosas”, explicou o delegado.
Ao todo, são cumpridas 30 ordens judiciais, sendo sete mandados de prisão preventiva, nove de buscas e apreensão, duas determinações de proibição de exercício de atividade econômica de empresas, cinco sequestro de veículos e sete bloqueios de contas bancárias.
Segundo a Polícia Civil, Ulisses Batista tem outras passagens criminais por tráfico de drogas e integrar organização criminosa.
