Com as contas de campanha reprovadas pela Justiça Eleitoral e condenado a devolver R$ 2,8 milhões, o prefeito eleito de Cuiabá, deputado federal Abílio Brunini (PL), gastou R$ 780 mil com a empresa que prestou serviços de contabilidade para sua campanha. O montante foi pago ao escritório Renan de Almeida Garcia.
Conforme levantamento realizado junto à Justiça Eleitoral, na disputa deste ano em Cuiabá, Abílio foi o candidato que mais gastou com serviços de contabilidade. Considerando a soma dos valores pagos pelos três adversários na disputa, o prefeito eleito desembolsou aproximadamente 74,11% a mais em serviços de contabilidade.
O segundo maior gasto com o serviço foi do deputado estadual Eduardo Botelho (União), que pagou R$ 250 mil à Suporte Empresarial Ltda. O empresário Domingos Kennedy (MDB) desembolsou R$ 168 mil para a contadora Vera Maria da Costa, enquanto o médico e deputado estadual Lúdio Cabral (PT) pagou R$ 30 mil ao contador Cristiano Batista da Silva.
Apesar do alto investimento, o prefeito eleito não teve sucesso na prestação de contas. No dia 12 deste mês, o juiz eleitoral Alex Nunes de Figueiredo decidiu pela reprovação das contas de campanha de Abílio Brunini. Na decisão, o magistrado também determinou o ressarcimento de R$ 2,8 milhões em um prazo de cinco dias.
Ao analisar as contas de campanha, o juiz elencou pelo menos 20 irregularidades. Entre elas, destaca-se o pagamento de despesas no montante de R$ 72.740,60 para candidatos do Democracia Cristã (DC) e de R$ 85.404,27 para candidatos a vereador pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), totalizando R$ 158.144,87.
“O valor em referência decorre do empenho de valores em material publicitário casado, ou seja, em benefício da campanha de candidatos à eleição majoritária filiados aos partidos Democracia Cristã e Partido Renovador Trabalhista Brasileiro. Deste montante, 50% seriam oriundos da rubrica ‘outros recursos’ e 50% do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Ocorre que as verbas oriundas de fundo público só poderiam ser utilizadas pelo próprio partido ou pelo candidato coligado”, considerou o juiz.
Outra irregularidade apontada pelo magistrado foi a ausência de comprovação efetiva da execução dos serviços contratados e a falta de documentação referente aos R$ 2,1 milhões pagos à empresa T2 Comunicação, Vídeo e Produções Ltda. O juiz destacou ainda que as justificativas apresentadas pela defesa do prefeito eleito não foram suficientes para esclarecer os gastos.