Uma das principais causas de morte em todo o mundo, o suicídio provocou a morte de 201 pessoas nos oito primeiros meses de 2024. O número é tido como alarmante, mesmo que menor do que no mesmo período no ano passado, quando 213 pessoas tiraram a própria vida, conforme dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) e a Superintendência do Observatório de Segurança.
O tema, que é alvo da campanha nacional Setembro Amarelo, coloca a saúde mental como um dos pilares para se ter uma vida em equilíbrio. É importante ressaltar, segundo especialistas, que o suicídio raramente é causado por um único fator. Geralmente ele resulta de uma combinação de fatores de risco e situações difíceis que levam a pessoa a acreditar que o sofrimento emocional é insuportável e sem solução. E a crise financeira é uma delas
O psicólogo com formação em Logoterapia (Terapia do Sentido da Vida) Lieber Faiad, ouvido pelo Rdnews, explica que o endividamento está entre os principais causadores das fragilidades da saúde mental.
“Perder a esperança, a motivação, ou sentir como se não tivesse futuro, pode indicar depressão ou outra condição de saúde mental além de se agravar e levar a pensamentos suicidas”, apontou.
Lieber Faiad psicólogo com formação em Logoterapia.
Outro ponto destacado por Faiad é que a raiva desproporcional, a apatia e a tendência ao isolamento social também estão presentes em pessoas que estão com a saúde mental debilitada.
"Se uma pessoa se sente constantemente estressada com as finanças e tem dificuldade em pagar as suas necessidades, é provável que tenha menos energia para se concentrar em escolhas de estilo de vida saudáveis ou no acesso à medicina preventiva, criando assim um efeito dominó em outros aspectos importantes das suas vidas", apontou.
De acordo com o Serasa e o Instituto Opinion Box, dentre os principais sintomas apresentados pelos endividados estão: ansiedade, estresse, insônia, depressão, mal-estar, transtornos alimentares, transtorno bipolar e síndrome de burnout. Desses sintomas, a ansiedade está presente na vida de 48% das pessoas endividadas e o estresse em 36%. Outro ponto destacado pela pesquisa é que mulheres, com idade entre 18 e 29 anos, que possuem renda baixa, são as mais afetadas pelos sintomas causados pelas problemáticas financeiras.
"Não é nada fácil passar por crises financeiras. Isso mexe com os nossos sentimentos em um nível muito profundo. Como dissemos, o papel do dinheiro é nos possibilitar acessos e neuro-quimicamente, o nosso organismo produz sensações de prazer quando conseguimos. A forma mais segura é o auto investimento. Estimular a nossa capacidade de criar, empreender, de alimentar em nós as perspectivas de dias melhores e construirmos a cada dia o caminho nessa direção", orienta o psicólogo, que é pós-graduado em Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade pela CBI of Miami.
Ajuda psicológica
Para o profissional, é de suma importância obter ajuda psicológica, principalmente quando nota-se a presença desses sintomas diariamente. Ele cita que a terapia, ajudar a entender e aprender a lidar com essas sentimentos.
“Quando, através da falta do dinheiro, não temos acesso a determinadas estruturas, isso repercute em nós, ou seja, ‘sintomatizamos’ isso. É aí que ficam evidentes sentimentos como a ansiedade, depressão, desesperança, irritabilidade… Precisamos buscar ajuda para poder ter maior clareza e confiança sobre uma decisão para o futuro e a compreensão mais aprofundada do que acontece neste momento da vida, sobretudo o meu papel diante dos problemas até o momento”, disse Faiad.
Procure ajuda!
Caso esteja enfrentando problemas psicológicos, fale com um dos voluntários do Centro de Valorização da Vida. O horário de atendimento via ligação telefônica, pelo número 188, é disponível 24 horas. Já por meio do chat, pelo link, é de domingo das 17 horas à 1 hora, de segunda a quinta-feira, das 9 horas à 1 hora, sexta-feira, das 15 horas às 23 horas e aos sábados, das 16 horas à 1 hora.
Segundo o Relatório de Atividades Nacionais do Centro de Valorização da Vida (CVV), divulgado no primeiro trimestre deste ano, do mês de abril de 2022 a março de 2023, foram realizadas 39,9 mil ligações, para o número 188, por moradores da região metropolitana de Cuiabá, em busca de ajuda psicológica.
Você também pode ir até um o Centro de Atenção Psicossocial (CAP), espaço que oferece serviços de saúde mental e também de reabilitação do uso de drogas lícitas e ilícitas. Em Cuiabá, o número para contato é: (65) 9 9214-0774.
Outra opção é consultar universidades que ofertem cursos de Psicologia, pois as intituições costumam oferecer atendimentos gratuitos à população como atividade de extensão para os acadêmicos. Em Cuiabá temos as seguintes opções:
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), por meio da Clínica Psicológica. Contato: (65) 99316-3115;
Univag - Que também possui uma Clínica Psicológica. Contato: (65) 3688-6170;
Unic, cuja Clínica Psicológica possui o contato: (65) 3363-1278.